TORPEDO EXTRA - Algumas ótimas velharias no novo Disney+
Nova configuração da plataforma vem turbinada, principalmente com a associação ao Star+. Entre as centenas de títulos que subiram na nova versão, algumas pérolas mais antigas viram atração
Todos os filmes que aparecem nesta edição da newsletter estão disponíveis no Disney+. Produzidos entre 1985 e 2000, não são exatamente “clássicos”, mas estavam difíceis de achar e merecem uma conferida.
STREAMING
“ALTA FIDELIDADE” (2000)
Um filme que lava a alma dos roqueiros
O escritor britânico Nick Hornby criou o personagem Rob Fleming, um dono de loja de discos de 35 anos com mania de criar listas de cinco melhores o tempo inteiro. Tudo ligado à música pop. Cinco melhores discos de estreia, cincos melhores álbuns ao vivo, cinco melhores de música eletrônica e por aí vai. Este era o passatempo real do próprio Hornby, Surgiu então o fenômeno do livro “Alta Fidelidade”, lançado em 1995. Até hoje é difícil saber se Rob era um homem representativo de uma fatia considerável de seus contemporâneos ou se muitos caras da mesma geração queriam ser como ele e criavam uma automática identificação. No livro, Rob fala de cinco ex-namoradas. Na verdade, uma delas é a atual. Tudo isso no cotidiano de sua loja, encontrando outros malucos, a começar de seus funcionários, Dick e Barry. Em 2000, o livro virou filme, pegou John Cusack ainda como promessa de ser um astro, como Rob Gordon (?), e Jack Black, como Barry, bem engraçado. Estava criado um filme acolhedor, simpático, desses que a gente pode rever de tempos em tempos para ter certeza de as fases de fissura por pop foram ótimas para todos e que “Alta Fidelidade” continua bom. O filme não envelheceu, ainda é cativante. É curioso que os principais envolvidos no filme estejam hoje atravessando períodos já duradouros de baixa em suas carreiras. O diretor inglês Stephen Frears, de obras como “Ligações Perigosas” e “Minha Adorável Lavanderia”, não teve destaques recentes. Nick Hornby há tempos não publica nada que ganhe relevância. John Cusack não confirmou o potencial astro que parecia ter chance de ser. E Jack Black, depois de ótimas comédias de sucesso como “O Amor É Cego”, “Escola do Rock”, e “Nacho Libre”, trabalha em muitas produções, mas é mais reconhecido agora como um coadjuvante na franquia “Jumanji” ou como o dublador do Kung Fu Panda. Todos estão ótimos em “Alta Fidelidade”. Confira aqui o trailer.
……….
“A MOSCA” (1986)
Cronenberg faz versão explícita de um clássico
O canadense David Cronenberg é um cineasta que não hesita em inserir algumas cenas sanguinolentas e meio difíceis de digerir em seus filmes, principalmente quando se dedica a obras que se encaixam na ficção científica ou no terror. E ele juntou os dois gêneros em 1986 quando fez “A Mosca”, refilmagem de “A Mosca da Cabeça Branca”, clássico de horror de 1958 no qual um cientista inventa uma máquina de teletransporte e, ao testá-la, sofre uma mutação horrenda. O longa original, dirigido por Kurt Neumann, tem um dos finais mais assustadores da história do cinema. No filme de Cronenberg, o protagonista é Jeff Goldblum, no papel que no original foi do limitado David Hedison, que se tornou famoso anos depois como o Capitão Lee Crane no seriado de TV “Viagem ao Fundo do Mar”. Goldblum é Seth Brundle, prestes a realizar o sonho de boa parte da humanidade: usar uma máquina para se deslocar de um lugar a outro, instantaneamente. É o teletransporte, “ferramenta” notória do Capitão Kirk e do Senhor Spock em “Star Trek”. A experiência avança bem até que, em mais um teste, Brundle não percebe que uma mosca entra com ele dentro do gabinete de teletransporte. Ao executar a transferência para o outro gabinete da máquina, no mesmo laboratório, homem e inseto têm seus corpos unidos. A partir daí, Brundle passa a se transformar gradualmente em um monstro, uma mosca humanoide gigante e cada vez mais incontrolável, para desespero da namorada, Veronica, interpretada por Geena Davis. “A Mosca” é puro Cronenberg: pesado, nojento e espetacular. Clique aqui para ver o trailer.
……….
“O FEITIÇO DE ÁQUILA” (1985)
Poucas vezes ação e romance se deram tão bem
Richard Donner (1930-2021) é um grande nome do cinema que não costuma receber todo o reconhecimento merecido. O cara dirigiu inúmeros episódios de séries clássicas da TV americana nos anos 1960, como “Agente 86”, “Perry Mason”, “O Fugitivo” e “James West”, criou o programa infantil lisérgico “The Banana Splits”, fez os primeiros filmes do Superman no cinema, com Christopher Reeve, criou a franquia “Máquina Mortífera” para o sucesso de Mel Gibson e também o blockbuster juvenil “Os Goonies”, e, além disso tudo, dirigiu esse fantástico “O Feitiço de Áquila”. Num ponto indeterminado na Idade Média, o ladrãozinho Gaston escapa da masmorra de Áquila e, foragido, faz amizade com o cavaleiro Navarre, que tem como companhia um fiel falcão. Gaston irá descobrir logo que o bispo de Áquila rogou uma praga em Navarre e sua amada Isabel, mulher cobiçada pelo vilão. Assim, quando o sol se põe, Navarre se transforma em um lobo, e Isabel, condenada a passar o dia como um falcão, retoma sua forma humana. Quando o sol nasce, é a vez dele ser novamente um homem, mas aí Isabel volta a ser uma ave. Querendo matar o bispo e de alguma forma escapar dessa maldição que não deixa o casal consumar seu amor, Navarre e Isabel pedem ajuda de Gaston nessa missão. Rodado em 1985, o filme não poderia ter um elenco melhor. Navarre é Rudger Hauer, o replicante de “Blade Runner”. Isabel é a musa Michelle Pfeiffer, no auge da beleza. E Gaston é o ainda adolescente Matthew Broderick, antes de estourar como o espertalhão Ferris Bueller em “Curtindo a Vida Adoidado”, que viria dois anos depois. Um filme arrebatador. Eis aqui o trailer.
……….
“INIMIGO MEU” (1985)
Uma história muito humana sobre contato alien
Em 1985, o diretor alemão Wolfgang Petersen já tinha no currículo um cultuado filme de guerra, “O Barco: Inferno no Mar” (1981), e um campeão de bilheteria global, a fábula juvenil “História Sem Fim” (1984). Mas precisou brigar muito para ter os atores que queria para seu primeiro filme de produção norte-americana, “Inimigo Meu”: Dennis Quaid, então em início de carreira, e Lou Gossett Jr., já vencedor do Oscar de coadjuvante por “A Força do Destino” (1982). Os dois são praticamente os únicos atores do filme, ambientado no futuro, durante a guerra entre os humanos e os Dracs, espécie reptiliana extraterrestre. Dois pilotos de caças espaciais caem num pequeno planeta inabitado e lá tem de decidir se continuam tentando matar um ao outro ou se unem forças contra os perigos no ambiente hostil, que não são poucos. O filme é uma homenagem explícita a um clássico filme de guerra, “Inferno no Pacífico”, que John Boorman dirigiu em 1968. Durante a Segunda Guerra Mundial, um piloto americano e um oficial da marinha japonesa vão parar numa ilha isolada e se encontram diante do mesmo dilema: continuar o enfrentamento ou tentar ajudar um ao outro nas dificuldades. Ali, os atores são dois gigantes: Lee Marvin e Toshiro Mifune. Na ficção científica dirigida por Petersen, as peculiaridades da espécie alienígena permitem que o roteiro tenha uma grande virada em sua parte final, ao mesmo tempo surpreendente e encantadora. Confira aqui o trailer.
……….
“COCKTAIL” (1988)
Tom Cruise muda de patamar em Hollywood
O ano de 1986 foi um divisor de águas para Tom Cruise, então com 24 anos. Ele vinha do sucesso de “Negócio Arriscado”, filme independente que rendeu múltiplas vezes o dinheiro gasto na produção. Então ele emendou dois filmes que o elevaram a superstar. Um deles é “Top Gun”, que dispensa comentários e foi a grande bilheteria do ano. E Cruise completou a temporada com “A Cor do Dinheiro”, filme sobre sinuca no qual atua sob a batuta de Martin Scorsese e ao lado de Paul Newman. Ou seja, foi recebido na turma dos maiorais. Por isso, “Cocktail”, que veio em seguida, é o primeiro filme criado especialmente para sua condição de superstar. Um filme deliberadamente bonito, divertido, feito para mostrar como Cruise é charmoso. Mas, sob uma revisão depois de quase 40 anos, não é nada desprezível. Certamente porque o diretor Roger Donaldson entendia do riscado. No ano anterior ele tinha feito o espetacular thriller de espionagem “Sem Saída”, que lançou Kevin Costner ao estrelato. Em “Cocktail”, Cruise é o jovem ex-soldado Brian Flanagan, que o roteiro acompanha em dois momentos. Primeiro, em Nova York, quando ele decide se tornar um barman e aprende os macetes com um veterano dos balcões. Depois, quando vai para a Jamaica em busca do sonho do bar próprio e se envolve com Jordan (Elisabeth Shue, anos antes do estouro com “Despedida em Las Vegas”). A trilha sonora é bacana, com Beach Boys, Starship, John Cougar Mellencamp, Ry Cooder, Litlle Richard e outros bambas. Resumindo, o filme traz a receita certa de romance e alguma tensão dramática. E desce bem como um drinque suave. Aqui está a cena em que Brian e Jordan se conhecem.
ENTRE EM CONTATO
TORPEDO tem duas opções para receber material bacana para divulgação.
E-mail:
thales1962@gmail.com
Endereço:
Thales de Menezes
Rua Abílio Soares 821 apto 111 - Paraíso
São Paulo - SP - CEP 04005-003