TORPEDO - Vale maratonar "Erin Carter"
Mistura de filme de ação com novelão dramático, nova série da Netflix traz um final surpresa para ser discutido
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As meninas superpoderosas da Netflix
O nome mais comentado na última semana pelas pessoas que assinam Netflix é Erin Carter. Interpretada por Evin Ahmad [foto], ela é uma professora britânica que se muda para Barcelona com a filha e, depois de cinco anos por lá, casada com um médico catalão, vê sua vida desmoronar quando, quase sem querer, impede um assalto a um supermercado. Um dos bandidos morre, com a arma disparando enquanto se atraca com Erin. O outro foge. Mas os poucos minutos de luta entre a professora e o meliante servem para demonstrar que ela tem muito mais habilidades para combate do que uma professora de Ensino Médio deveria ter, por mais que seus alunos possam dar trabalho. A partir daí, figuras vão aparecer no caminho de Erin, que precisa esconder um passado nebuloso, com ajuda do melhor amigo de seu marido, um policial em depressão.
“Quem É Erin Carter?” segura bem a trama em sete episódios, e o final desta primeira temporada já está sendo discutido à exaustão nas redes. É surpreendente, permitindo mais de uma leitura aos espectadores. Esse desfecho é a principal razão de “Quem É Erin Carter?” não cair na vala comum de mulheres que pegam em armas, um filão que a Netflix não hesita em explorar. Mas há pelo menos mais duas coisas a destacar na série além de seu final surpresa.
Evin Ahmad é uma atriz sueca de origem curda, que ganhou o estrelato em seu país justamente em outra série original Netflix, “Snabba Cash”. A plataforma realmente gostou dela, que foi à Dinamarca para outra produção local da Netflix, a pós-apocalíptica “Quicksand”, com três temporadas. Sua atuação como Erin Carter é sólida, tanto nas cenas em que suas habilidades especiais são requisitadas, nas quais ela consegue passar um pouco de fragilidade para a personagem durona, como no outro foco do roteiro, que é a relação dela com a filha adolescente, sofrendo os esperados problemas na escola por ser uma estrangeira na turma. É o lado novelão do seriado, que também é um diferencial nesse tipo de produção que quase sempre dá atenção apenas a tiroteios, pancadaria e perseguições de carro. Com seus episódios de pouco mais de 40 minutos, “Quem É Erin Carter?” é uma opção divertida para maratonar em um final de semana.
Não é preciso voltar muito no tempo para encontrar outra aposta da Netflix nesse subgênero de mocinhas letais que escondem seus dotes para o combate ao crime. “Agente Stone”, lançada na primeira semana de agosto, está entre os cinco mais vistos na plataforma em dezenas de países. O longa traz a estrela Gal Gadot [foto] como uma hacker aparentemente inofensiva que trabalha numa agência secreta, mas na verdade é uma espiã preparadíssima infiltrada ali por outra agência, mais secreta ainda. O problema de “Agente Stone” é que traz para o streaming a disputa louca que atinge as telas dos cinemas nessa temporada, com filmes que procuram criar as cenas de ação mais inacreditáveis de todos os tempos. Os recentes “Missão Impossível” de Tom Cruise e “Velozes & Furiosos” de Vin Diesel, ao lado do espetacularmente absurdo “Megatubarão 2”, são tão alucinados que transformam-se em três comédias pastelão com zilhões de dólares de orçamento gastos em destruição de carros e prédios. Assim como seus colegas de tela grande, a agente Stone de Gal Godot faz a toda hora as ações mais impraticáveis que se pode imaginar. Para curtir “Agente Stone” como diversão, o espectador precisa desligar o cérebro por duas horas. Se esse esforço for demais, a opção pode ser comprar a ideia de novelão violento de “Quem É Erin Carter?”.